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Espécie Redescoberta em Itanhaém Reacende Esperanças de Conservação

Uma espécie de peixe que já foi considerada possivelmente extinta na natureza foi redescoberta no início deste ano em Itanhaém, no litoral de São Paulo. A notícia, publicada recentemente na revista científica Biota Neotropica, trouxe um novo fôlego à conservação da biodiversidade de peixes de água doce da Mata Atlântica.


Os pesquisadores encontraram cinco exemplares do Leptopanchax itanhaensis em uma poça temporária e em uma vala à beira da estrada na sub-bacia do Rio Preto. Essa espécie, conhecida como peixe anual, vive em águas escuras, ácidas e com baixo teor de oxigênio, e é, até onde se sabe, exclusiva da região de Itanhaém.

A história desse peixe é fascinante e ressalta os mistérios da natureza. A poça onde a espécie foi descoberta pela primeira vez foi destruída em 2007, e desde então, apesar de inúmeros esforços, não havia mais registros dela. O reencontro, agora, aconteceu em um ambiente inesperado, levantando preocupações sobre a preservação do habitat.

Os exemplares encontrados eram todos machos, com o maior deles medindo apenas 2,45 cm.

Preocupação com a Conservação

João Henrique Alliprandini da Costa, doutorando do Programa de Biodiversidade de Ambientes Costeiros da UNESP, destacou a fragilidade da situação:

"Embora seja natural a ocorrência da espécie em poças temporárias, encontrá-la em valas de estrada é alarmante. Esses ambientes artificiais são extremamente hostis, com ausência de mata ciliar, temperaturas elevadas e risco de contaminação por poluentes e lixo. Mesmo em áreas naturais, o desmatamento ameaça diretamente os habitats da espécie. Essa redescoberta ressalta a necessidade urgente de proteger a espécie, que também pode ser alvo do comércio ilegal devido à sua beleza.”

Os pesquisadores pretendem continuar monitorando a espécie para entender melhor sua biologia, reprodução, alimentação e genética, além de avaliar os fatores que colocam sua população em risco.

A Importância da Redescoberta

"Essa descoberta é um poderoso lembrete da importância de preservar os ambientes naturais remanescentes. Ambientes como poças temporárias e valas, embora pouco estudados, abrigam uma grande diversidade de peixes, incluindo espécies ameaçadas como os rivulídeos"
destacou Costa.

Quem quiser acompanhar o trabalho pode acessar o Instagram do projeto: @peixesdepoca.

O Que São Peixes Anuais?

Peixes anuais, como o Leptopanchax itanhaensis, habitam poças e brejos que dependem das estações secas e chuvosas para completar seu ciclo de vida. Durante o período de seca, as poças secam e os peixes adultos morrem, mas seus ovos permanecem no substrato. Com a chegada das chuvas, as poças enchem novamente, e os ovos eclodem, iniciando um novo ciclo.

Esses peixes têm uma existência temporária e são altamente ameaçados de extinção, sendo também muito apreciados por aquariófilos. Eles são conhecidos como "peixe do céu", "peixe da poça" ou "peixe nuvem".

Um Trabalho Coletivo de Pesquisa

O estudo faz parte da tese de doutorado de João Henrique Alliprandini da Costa, sob a orientação do Dr. Rafael Mendonça Duarte (UNESP) e coorientação da Dra. Ursulla Pereira Souza (Unisanta). A pesquisa contou com a colaboração do Dr. Francisco Langeani (UNESP de São José do Rio Preto) e dos mestrandos Amanda Selinger e Thomas Alves Vidal (Unisanta).

Além do apoio acadêmico da FAPESP e da CAPES, o projeto é integrado ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Centro de Estudos de Adaptações Aquáticas da Amazônia (INCT-ADAPTA II).

Um destaque especial vai para a parceria com o morador local Tuca, que mensalmente recebe os pesquisadores em sua propriedade, facilitando o trabalho de campo e contribuindo para a continuidade do estudo.


Fonte: Diario do Litoral

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