Os danos ambientais causados pela passagem da enxurrada de lama,
provocada pelo rompimento de barragens da Samarco em Mariana (MG), foram
drásticos, devem se estender por ao menos duas décadas, e, mesmo assim,
a restauração total é tida como impossível, segundo ambientalistas
ouvidos pelo UOL.
A lama "cimentou" o bioma e pode até ter causado a
extinção de animais e plantas que só existiam ali --a natureza local
morreu soterrada.
Além disso, a bacia do rio Doce ficou vulnerável e terá de criar um novo curso.
"É
uma catástrofe, não há como dimensionar os danos. Creio que levaremos
ao menos vinte anos para reverter parte do processo, restaurar será
impossível"
Beatriz Missagia, professora que pesquisou a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica do médio rio Doce.
A
flora e a fauna dos rios Gualaxo do Norte e Doce nunca mais serão as
mesmas."A perda de habitat é enorme, e o dano provocado no ecossistema é
irreversível", explica o ambientalista Marcus Vinicius Polignano,
coordenador do Projeto Manuelzão, que monitora a atividade econômica e
seus impactos ambientais nas bacias hidrográficas dos principais rios
mineiros pela Universidade Federal de Minas Gerais. "Qualquer ação a ser
tomada agora é para mitigar os efeitos do impacto da lama."
Antônio Cota/Diário do Rio Doce
Peixes
do rio Doce, em Governador Valadares (MG), morreram com a chegada da
lama. A prefeitura não recomenda o consumo dos animais
Segundo
o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), estima-se que foram
lançados 50 milhões de m³ de rejeito de mineração (o suficiente para
encher 20 mil piscinas olímpicas). A lama atingiu diretamente o Gualaxo
do Norte, afluente do rio Doce. A enxurrada avança pela calha do Doce,
que corta cidades de Minas Gerais e Espírito Santo até desaguar no
oceano Atlântico.
O grande montante de lama com rejeitos de
minério de ferro e manganês está bloqueando o curso natural dos rios.
Com isso, a água corrente começa a buscar alternativas para fluir, e a
escolha pode não levar a um final feliz.
O novo caminho pode
levar os rios à extinção. "Existe a possibilidade de o rio perder força e
se dividir em lagoas", diz Missagia.
As lagoas também podem
morrer. "Além dos minérios de ferro, a lama trouxe consigo esgoto,
pesticidas e até agrotóxicos das terras por onde passou. Essas
substâncias aceleram a produção de algas e bactérias, que rapidamente
cobrirão as lagoas, formando um tapete verde que impede a fotossíntese
dentro d'água. Se não há fotossíntese, não há oxigênio. Sem oxigênio os
animais, vegetais e bactérias não têm chance de sobreviver", explica.
Referencia
• UOL
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