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Peixes resgatados no Rio Doce, no ES, começam a ser soltos em lagoas

Operação Arca de Noé quer retirar animais do rio antes que lama chegue.
Mais de 50 barcos participam da ação que tem três pontos de captura.




Peixes resgatados no Rio Doce começam a ser soltos em lagoas (Foto: Gabriela Fardin/ TV Gazeta)

Peixes resgatados do leito do Rio Doce em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, começaram a ser soltos em lagoas da região. A operação Arca de Noé continua por todo o dia neste sábado (14), e perdura até a chegada da lama no estado, prevista para terça-feira (17). Ainda não há o número exato de animais que já foram retirados do rio.

O rompimento de duas barragens de rejeitos de minério da Samarco, cujos donos são a Vale e a anglo-australiana BHP, aconteceu no dia 5 de novembro e causou uma enxurrada de lama no distrito de Bento Rodrigues, em Marianax, na Região Central de Minas Gerais. A lama também chegará ao Espírito Santox e deve afetar os municípios de Baixo Guandu, Colatina e Linharesx.

Peixes são colocados em tanques para depois serem transferidos para lagoas da região


(Foto: Luis Carlos Dubberstein/ Sanear)

A ação envolve a participação de pescadores, biólogos, sociedade civil, organizações não governamentais (Ongs) ligadas ao meio ambiente, professores do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), empresas privadas, e uma equipe da empresa responsável pelo abastecimento de água na cidade, o Sanear. O Ibama também participará da ação, que já envolve mais de 50 embarcações.

Segundo equipes que trabalham em Colatina, a captura ocorre em três pontos: um no centro da cidade, onde fica o cais; outro na comunidade de Barbados; e outro na comunidade de Maria Ortiz.

Outros pontos de captura estão sendo estudados em parceria com a Prefeitura de Linhares.

Durante os dias de captura, os trabalhos começam às 7h e terminam por volta das 19h. Um grupo de pescadores também está trabalhando durante a noite e madrugada para capturar espécies de grande porte, que possuem hábitos noturnos.

Os animais estão sendo levados para duas lagoas da região, mas outras que ficam próximas ao rio também estão sendo estudadas para servir de habitat aos animais. De acordo com o tecnólogo em saneamento ambiental do Sanear de Colatina, Luiz Carlos Dubberstein, trabalhos também estão sendo feitos para impedir a contaminação desses pontos.



Caminhão com os tanques de peixes retirados do Rio Doce, nesta sexta-feira (13) (Foto: Divulgação/ Prefeitura de Colatina)

“A nossa ação aqui envolve a captura peixes, crustáceos, moluscos, todo o tipos de fauna que temos na bacia do rio. Com a ajuda de órgãos públicos e privados, que possuem maquinários, os canais que trazem a água do rio para essas lagoas estão sendo fechados para impedir a contaminação do ambiente e dos animais”, disse Dubberstein.

Ainda não há um levantamento de quantas espécies e animais foram salvos até o momento na Operação da Arca de Noé, que começou nesta sexta-feira (13).

Carta
Já foi enviada à ministra do Meio Ambiente, Izabella Mônica Vieira Teixeira, uma carta do governador Paulo Hartung solicitando o envio de especialistas nas áreas de ictiofauna (peixes), veterinária e engenharia de pesca e civil, com o intuito de que os mesmos atuem no Plano de Resgate das espécies do Rio Doce, cuja gestão é federal. “Queremos que o Governo Federal se sensibilize, este é o objetivo da carta”, destacou o secretário Rodrigo Júdice.

A retirada dos peixes já foi exigida à Samarco, por meio de auto de intimação enviado pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) à empresa no início da semana e por meio de ação cautelar do Estado contra a Samarco, porém não há notícias do início da remoção dos animais por parte da empresa até o momento, segundo o governo.

O Governo do Estado se colocou à disposição para atuar no plano de ação coordenado pelo Instituto Brasileiro de Recursos Naturais e Renováveis (Ibama), além de solicitar também o apoio da Marinha do Brasil em função dos possíveis danos causados à foz do Rio Doce e ao mar.

Qualidade da água
A Agência Nacional de Águas (ANA) informou, nesta quinta-feira (12), que a água captada atualmente no Rio Doce, no Espírito Santo, está em conformidade com todos os parâmetros exigidos.

“Por enquanto, a situação ainda é boa para o consumo, mas, com certeza, essa onda de rejeitos vai chegar aqui. É evidente que essa onda tem vindo cada vez com uma velocidade menor, mas, sem dúvidas, vai chegar”, falou a diretora da ANA, Gisela Forattini.

Calamidade pública
O prefeito de Baixo Guandu Neto Barros decretou, nesta sexta-feira (13), estado de calamidade pública nas áreas afetadas pela estiagem que já dura vários meses em Baixo Guandu, Noroeste do Espírito Santo. Segundo ele, a situação será agravada com a chegada da lama.

Onda de lama
O que os técnicos chamam de onda de lama se espalha pelo Rio Doce em extensão de 50 quilômetros, de Ipatinga a Resplendor, ambos em Minas Gerais, segundo o governador Paulo Hartung, que sobrevoou a região.

Represas
As barragens de Governador Valadares, em Minas Gerais, serão abertas para que o nível do rio suba e a lama passe pela cidade, que está sofrendo com a falta de água. Já no Espírito Santo, a intenção é atrasar a chegada da lama no estado.

As represas de Aimorés, em Minas Gerais, e de Mascarenhas, em baixo Guandu, ficarão fechadas na expectativa que a lama se dilua no fundo. A mais nova previsão é que a lama chegue em Baixo Guandu na segunda-feira (16).

Referência
• g1.globo.com

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